“Sempre desenhei compulsivamente” |
Dessa vez, eu obedeci.
Versátil no
traço e articulado de prosa, o ilustrador Weberson Santiago foi criado em Mauá,
mora em Mogi das Cruzes, mas sempre pula pra Sampa nas férias onde dá aulas de ilustração
editorial na Quanta Academia de Artes.
Vantagem de um ilustrador (e não são tantas assim), poder morar com a
família em lugar tranquilo e ganhar dinheiro paulistano.
Apesar dos
seus tenros 28 anos, WS já desenhava no berço e está no circuito profissa há mais
de 10.
Pai de
Mariana e Santiago, e esposo de Stella, Weberson conta pro Ilustra Anêmona como
é a rotina de trabalho em casa, junto da família. Ganhador do premio HQ Mix de melhor
ilustrador brasileiro em 2008, o ilustrador abre o jogo e fala sobre sua trajetória, influências,
processo criativo e no fim revela para nós o que faz no seu tempo livre.
IA - Houve um momento na tua vida em que deu um estalo e você
soube que iria viver
da ilustração, ou isto foi um processo mais “uma coisa leva a
outra”?
WS - Sempre
desenhei compulsivamente. Porém minha vontade inicial era trabalhar com
histórias em quadrinhos. Com o tempo fui descobrindo a ilustração editorial e
fui me envolvendo de forma apaixonante. Descobri que poderia ser ilustrador
quando publicaram meu primeiro desenho. Foi numa revista da editora Abril
chamada Aventuras na História. Era algo pequeno. Mas ver aquilo impresso, ver a
revista nas bancas foi emocionante. Sempre gostei de jornal, de revistas. Meu
primeiro emprego foi numa banca de jornais. Eu tinha 11 anos. Não saia da banca
do bairro. Todo dinheiro que eu conseguia eu comprava revistas ou jornais. Um
hábito não muito comum nas crianças. Principalmente jornais né? Mas sempre
gostei da imprensa. Sempre me fascinou. Ouvia e ouço muito rádio também. E os
livros de certa forma também foram presentes. Gostava de frequentar a
biblioteca da escola. Livraria era algo raro. Ainda é raro ter livraria na
periferia, no subúrbio. Porém hoje em dia as bibliotecas estão presentes. Dei
aula num projeto muito legal chamado HQ nas Zonas de Sampa. Aulas de histórias
em quadrinhos de graça para toda comunidade em diversas bibliotecas da cidade
de São Paulo. Infelizmente não faço parte do corpo docente deste projeto por
falta de tempo. É uma pena. Porém fiz algumas coisas com quadrinhos, publiquei
algumas, fiz alguns materiais institucionais e colori muita coisa pro exterior,
inclusive pornô. Um trabalho ducaralho!
IA - Como é a sua rotina de trabalho de freela?
WS - Caótica. Eu trabalho em casa. Vou fazendo as coisas no tempo que dá. Consigo
ter um desempenho maior na parte da tarde onde todo mundo vai pra escola e a
noite depois que todo mundo dorme.
IA - Como é o processo criativo de alguém que precisa desenhar
dentro dos limites de um briefing e
prazo determinados?
WS - Ah, eu gosto desse sistema de trabalho. É sempre um desafio, nunca é a mesma
coisa. Não é
fácil, porém sempre consigo dar conta do prazo, isso nunca foi um
problema pra mim. E o processo
criativo depende de cada trabalho. Mas costumo
fazer muita pesquisa e planejamento para que na hora
da execução do trabalho
não ocorra muitos foras.
IA - Pergunta clássica, quais são tuas maiores influências?
WS - Os pardais,
as flores e o pôr-do-sol HAHAHAHAHAHAHA Ah, gosto de muitos pintores e
ilustradores. Porém tenho muita influência da literatura também. Pra citar
alguns: Norman Rockewell, Al Hirshfeld, Halph Steaman, Ziraldo, Juarez Machado,
Lan, Lucian Freud, Orlando Pedroso, Rebecca Daltremer, Odilon Moraes, Jean
Claude Alphen, Cris Eich, Gonzalo Cárcamo, Roger Cruz, Marcelo Braga, enfim...
dezenas desses. Tenho muito respeito e admiração por quem produz com tanta
dedicação e amor pelo que faz.
IA - Fale do cenário da ilustração no Brasil hoje. O que mudou nos últimos anos? O que ainda
você acha que deve mudar?
WS - Eu não sei
dizer muito sobre o cenário da ilustração no Brasil viu. O que sei é que desde
de minha primeira publicação a mais de 12 anos atrás os valores praticados
continuam os mesmos e em alguns casos diminuíram. O resto tudo não teve alteração
de preço, inclusive os anúncios e os preços de capas das revistas e livros.
Isso é um problema.
IA - Que conselhos você daria pra alguém que quer se tornar
ilustrador e não tem um tio que é diretor de arte?
WS - Pegue seus
desenhos, suas ilustrações e sai mostrando pra editores e diretores de arte.
Como? Pegue no expediente dos livros os nomes, ligue, marque um dia ou pegue
email e mande um link de amostras online. Simples assim.
IA - Você sempre está envolvido em projetos pessoais ou em
parceria com outros artistas, dá pra contar o que você está aprontando no
momento?
WS - Neste momento estou finalizando dois livros infantis que serão lançados em
2013. Um é todo meu e outro é em parceria com minha esposa, Stella Elia. Também
tenho alguns livros aqui em pareceria com minha amiga Marcela Godoy, outro com
Olivia Rabacov, amiga lá do Rio de Janeiro e mais um com Roberto Bürgel um
amigo maestro lá do Rio também. Além de um livro em quadrinhos escrito por um
outro amigo meu chamado Alexandre Cavalo. Uma HQ da banda Velhas Virgens do qual
ele é guitarrista. Bastante coisa né? Além dos trabalhos normais, aulas,
mamadeiras, papinhas, tentar seduzir a esposa e dar comida pro peixe.
IA - Alguma
coisa que queira mencionar que eu não perguntei?
WS - Também sou lindo nas horas vagas e faço pole dance.
Valeu! Weberson, hobby é livre.
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